sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

M. Night Shyamalan: uma história de amor e ódio à crítica cinematográfica.


O diretor indiano Manoj Nelliatu Shyamalan, nasceu em 1970, naturalizou-se americano e transformou o seu nome do meio para Night. Seu primeiro longa-metragem oficial foi "Praying with anger" em 1992. Pouco divulgado e distribuído, até no próprio Estados Unidos, o filme não alcançou muito sucesso, mas foi o suficiente para que o jovem diretor chamasse a atenção da crítica de cinema norte-americana, principalmente depois que o filme foi exibido no Festival de Toronto.

Em 1998 o diretor lança o drama "Olhos abertos", mais uma vez elogiado pela crítica, mas vítima de um longo processo de pós-produção que atrasou a chegada do filme em outros países levando-o à tardia aceitabilidade do público. Em 1999, chega às telas de todo mundo "O sexto sentido", primeiro filme do Shyamalan nos estúdios da Disney (Buena Vista). O diretor fez questão de nomear todo o elenco do filme e de sua equipe técnica, começando daí a parceria com o compositor James Newton Howard, com o qual faz filmes até hoje. "O sexto sentido" foi recebido de braços abertos pela crítica que logo o apontou como um dos melhores filmes de suspense de todos os tempos e o melhor dos anos 90. O filme reuniu todas as características de uma obra prima do cinema, que vão desde um roteiro perfeitamente escrito pelo Shyamalan, às atuações primorosas de Bruce Willis e Haley Joel Osment. Segundo crítica do New York Times da época: O cinema nunca será o mesmo depois de "O sexto sentido".


Para não perder o momento de sucesso e fama, ao mesmo tempo mostrar que não seria diretor de um filme só, mas sim um gênio do cinema, M. Night lançou no ano 2000 mais um filme, "Corpo Fechado", outra vez com Bruce Willis e outra vez aclamada pela crítica. Pergunta: porque essas produções Shyamalanianas agradaram tanto a crítica? Destacamos primeiro a forma com a qual o diretor domina o filme em praticamente todas as suas instâncias, da pré à pós-produção. O roteiro de ambos são jóias-raras, o primeiro com o final supresa mais interessante do cinema e o segundo de uma seriedade e frieza incomuns, aliados as interpretações maduras do Bruce e do Samuel L. Jackson. A crítica especializada também elogiou bastante a fotografia e a direção de arte do filme, elevando a produção do M. Night ao status de cult.


Em 2002 Shyamalan lança seu novo filme "Sinais",dessa vez com Mel Gibson no papel principal. O roteiro, mais uma vez, é o grade destaque da produção que lotou as salas do cinema em todo o mundo. Dessa vez, porém, a crítica não foi tão unânime quanto com os outros filmes anteriores. Muitos acharam "Sinais" confuso demais, outros criticaram a sua imparcialidade em relação a temas religiosos, e outros acharam-no brilhante. Mas é impossível não ser atraído pela atmosfera do filme e de seus personagens, sempre bem trabalhados no roteiro do M. Night.


Dois anos depois, surge Shyamalan com "A vila". Pode-se dizer que este filme marca o começo de uma nova forma de abordagem da crítica em relação ao M. Night. Poucos se rederam a atmosfera da vila isolada de tudo e todos, atormentada e protegida por "Aqueles que não falamos". O incrível é que o roteiro continua lá, bem escrito, envolvente e cheio de subtramas que desembocam na trama principal formando o corpo do filme. Mas os críticos, "dos americanos aos sulamericanos", crucificaram as atuações, a construção dos personagens, a descrição de tempo e espaço, o final e assim por diante. Em suma, "A vila" não foi bem recebido pela crítica, nem pelo público, mesmo tendo gerado lucro, arrastado pelo mega-sucesso de "Sinais". Cria-se o embate: Shyamalan X Críticos de cinema.


Só faltava o Shyamalan fazer um filme com um crítico de cinema sendo devorado por um monstro. E fez! Em 2006 surge "A dama na água", filme pra lá de pessoal do diretor indiano, um misto de terror/drama/fantasia, que na verdade, na verdade, acaba não sendo nada. Nem é preciso dizer que o filme foi bastante mal recebido pela crítica, que começou a formular teorias a respeito de um provável declíneo do "neo mestre do suspense".


Em 2008 surge "Fim dos tempos", filme em que o Shyamalan tece críticas às teorias de desastres climáticos decorrentes do aquecimento global. Só que isso não fica claro ao telespctador que assiste ao filme. O roteiro (logo o roteiro!!) às vezes soa tão absurdo que se duvida de qualquer tipo de pretensão do Shyamalan com o filme. Juntando-se a isso, vem os terríveis erros técnicos que vão desde falhas na montagem até vazamentos sub sequententes do microfone e que não foram corrigidos na pós produção. Em exceção da trilha do James Newton, todo o filme deixa muito a desejar e mais uma vez os críticos não perderam tempo e mancharam mais uma página do álbum do M. Night Shyamalan.


Em 2010 (ai meu Deus!!) surge o filme "Avatar-O último mestre do ar", que na realidade é uma adaptação às telas da animação de mesmo nome. Se o prestígio do diretor já andava em baixa depois de todos os últimos filmes de suspense que ele dirigiu/produziu/escreveu, segundo a crítica cinematográfica especializada, ele atingiu o fundo do poço com "Avatar". Até os fãs mais utópicos e apaixonados pelo diretor reconheceram que o filme é o pior de sua carreira e um dos piores filmes do ano. Junte a fórmula mágica: péssimo roteiro (não pode ser!!!) + péssimos atores + péssimas atuações = um filme ruim. Nem os efeitos especiais, nem a sempre grandiosa trilha do James Newton Howard conseguiram salvar alguma parte de "Avatar". Nas palavras do crítica de cinema, Rodrigo Carreiro: "Adaptação de série infanto-juvenil representa mais um passo em falso na carreira de um cineasta cujo imenso talento tem sido eclipsado pelo igualmente enorme ego"


Agora, no fim de 2010, surge "Demônio", filme escrito/produzido por Shyamalan, baseado em uma série de "contos noturnos" que o mesmo, Shyamalan, escreveu. Bem, a história: um grupo de pessoas presas num elevador descobrem que uma delas é o diabo. Aparentemente atrativo. Poderia ser bom, se não fosse o medo dos irmãos Dowdle (do fraquíssimo "Quarentena"), na direção do filme, perdendo as boas chances dadas pelo roteiro do Shyamalan para amedrontar o telespectador. É irônico, mas é verdade. Não é um filme que vai agradar a crítica, nem tão pouco ao público em geral (até por mexer em questões polêmicas de fé), mas é uma prova de que o M. Night ainda tem cartas na manga e que ele bem que poderia ter dirigido este filme do jeito dele e quem sabe ter feito algo tão bom ou melhor do que "O sexto sentido" (o que é? Sonhar não paga!!). Pelo menos o roteiro lembrou muito o Shyamalan dos velhos tempos. Se você é fã, vale uma ida ao cinema para conferir.

Só o tempo dirá se o M.Night voltará a realizar um filme que cairá nas graças dos críticos de cinema, ou se os críticos deixarão de ser tão rudes com o diretor, despindo-se de seus juízos de valor pré estabelecidos e mantendo-se acessíveis às novas produções do indiano que mudou pra sempre a história do cinema hollywoodiano.

2 comentários:

  1. Bom texto biográfico! Eu não colocaria "Demônio" na conta dele (afinal, só atuou como produtor), e devo dizer que gosto de "Fim dos Tempos" e até "A Dama na Água", mas isso é a minha opinião... abraço!

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  2. Ótimo texto! Eu sou fã do Shyamalan ... Por isso, ou não, eu gosto e, logicamente, entendo "Fim Dos Tempos". E, com certeza, ele voltará a realizar filmes agradáveis à todos os públicos.
    Sorte!

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